Toninho de Souza (PSD) disse que dará mais um voto de confiança ao prefeito Emanuel Pinheiro, que receberá em Cuiabá, na terça-feira (23), o ministro da Saúde Luiz Mandetta.
A tão esperada solução para a crise na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá não ocorreu na manhã desta quinta-feira (18), como era esperado pela Câmara de Vereadores de Cuiabá e, obviamente, pelos 800 funcionários do hospital que aguardam o pagamento de seis folhas salariais atrasadas, mais o décimo terceiro salário de 2018. O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) transferiu para terça-feira (23) a sua palavra final, por ocasião da visita do ministro da Saúde a Cuiabá, Luiz Henrique Mandetta. O vereador Toninho de Souza (PSD), que preside a CPI da Santa Casa na Câmara de Cuiabá, disse estar decepcionado, mas decidiu dar mais um voto de confiança ao prefeito. “A expectativa é saber se ele irá decretar intervenção e se o hospital continuará ou não atendendo pacientes mesmo sob intervenção, além de liberar recursos para pagar os salários dos funcionários”, relatou o vereador.
Toninho de Souza participou, nesta quinta-feira, da última sessão na Câmara de Cuiabá antes de assumir, na manhã da próxima terça-feira, a vaga do deputado estadual Eduardo Botelho (DEM) que se licenciou por 120 por motivos particulares. O vereador do PSD revelou estar decepcionado, por queria dar uma boa notícia aos funcionários da Santa Casa e à sociedade. No entanto, adiantou que vai continuar à frente da situação na Assembleia Legislativa. “Sou vereador por Cuiabá e estarei apenas emprestado ao Legislativo Estadual. Toda a minha luta na câmara terá prosseguimento, logicamente que com foco para todo Mato Grosso”, explicou.
Desde que o parlamentar criou, no dia 04 de fevereiro, o Movimento Santa Casa de Portas Abertas, o hospital filantrópico de 200 anos não saiu mais da mídia. Ganhou notoriedade tanto por sua situação de endividamento e má gestão, quanto pela necessidade de sobrevivência. “Com esse movimento eu quis dar uma sobrevida ao hospital e ganhar tempo para que houvesse uma articulação política mediada pela Câmara em torno de soluções”, revelou Toninho de Souza. Após isso, a presidência da Câmara, Prefeitura, Bancada Federal e Assembleia Legislativa também abraçaram a causa.
Enquanto membro da CPI dos Filantrópicos, que trabalhou por nove meses e encerrou os trabalhos em 26 de março, o vereador questionou com mais veemência os diretores da Santa Casa sobre o quadro financeiro extremamente negativo da instituição. “Mesmo com tanta diligência, não conseguimos decifrar os detalhes de um prejuízo acumulado de cerca de R$ 100 milhões e atraso de seis a sete folhas salariais consecutivas, mais o décimo terceiro de 2018. A direção sonegou as informações que precisávamos, mas, o quadro vai virar”, avisa Toninho.
O vereador se refere aos trabalhos da CPI da Santa Casa, que solicitou, em 15 de abril, um rol de informações ao diretor administrativo do hospital, Daniel Pereira. “O cerco se fechou e não está descartada a possibilidade de quebra de sigilo bancário, inclusive. Toninho deixa claro que é uma questão de transparência e que nada justifica a situação de penúria com tantos recursos recebidos nos dois últimos anos por serviços comprados e não entregues, emendas parlamentares, empréstimos e doações. “Pessoalmente, sempre defendi intervenção imediata na Santa Casa. Instiguei o Ministério Público e o Tribunal de Contas, mas a decisão estava nas mãos do prefeito Emanuel Pinheiro, com o qual tivemos várias reuniões para tratar do assunto”.
Entre as solicitações de informações à direção da Santa Casa estão a relação de todas as contas bancárias em nome da sociedade beneficente, contas bancárias que movimentaram doações, Cópia detalhada e individualizada da folha de pagamento dos funcionários, informações sobre o repasses de emendas parlamentares e sobre um empréstimo de R$ 49 milhões, cópia dos contratos de aluguel de empresas instaladas na área da Santa Casa, balanços administrativos dos últimos cinco anos e cópia da Declaração do Imposto de Renda de 2014 a 2019, além de outros documentos. “Precisamos abrir essa caixa preta, mas o que vai resolver o problema se chama solidariedade, confiança e apoio a essa instituição que é não apenas dos cuiabanos, mas, de todos os mato-grossenses”, argumenta Toninho.
Os requerimentos foram embasados no relatório final de CPI dos Filantrópicos, que teve como relator o vereador Chico 2000, que destacou a necessidade de se aprofundar na questão financeira envolvendo a Santa Casa. A investigação aprofundada foi sugerida por Toninho de Souza e o requerimento pedindo a abertura de uma nova investigação referente à Saúde na Capital recebeu a assinatura de 24 dos 25 vereadores. “A situação caminha para um desfecho. Além de buscar respostas, vamos mobilizar o Poder Público, sociedade e o setor empresarial para dar fôlego à instituição que se confunde com a própria história de Cuiabá e Mato Grosso. Uma coisa boa precisa acontecer de imediato: Antônio Preza e cia não podem mais dar as cartas na diretoria da Santa casa”.
Atualmente, a Santa Casa de Cuiabá tem 60% do seu atendimento pelo SUS. É um hospital geral com especialidades médicas e cirúrgicas e reconhecidamente um dos que mais atendem pacientes menos favorecidos, vindos do interior e até de outros estados. Possui 220 leitos, sendo 30 de UTI. “A Santa Casa tem uma estrutura invejável em termos de equipamentos e um quadro funcional de dar orgulho. Só precisamos de união e solidariedade para ajudar. Cabe a nova direção, dar o tratamento necessário com eficácia e transparência e, ao Poder Público, oferecer soluções práticas, legais e emergenciais. Juntos, vamos tirar a Santa Casa da UTI”, finalizou Toninho de Souza.
Verônica Rakel – Rui Matos | Assessoria Vereador Toninho de Souza