O vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou nesta quinta-feira (6) que o governo zerará a alíquota de importação para diversos produtos, incluindo carne, café, azeite, milho e açúcar. Além disso, a cesta básica também terá sua tributação eliminada. As medidas devem entrar em vigor nos próximos dias.
Atualmente, a carne tem uma alíquota de importação de 10,8%, enquanto o café é taxado em 9%. A decisão do governo ocorre em meio à alta dos preços dos alimentos, fator apontado como uma das razões para a queda de popularidade do presidente Lula, que atingiu seu pior índice de aprovação na última pesquisa Datafolha.
Medida Como Resposta à Inflação dos Alimentos
Durante o anúncio, Alckmin destacou que a expectativa é de que a medida traga impacto positivo. “Acreditamos que esse conjunto de ações terá um resultado importante. No ano passado, os preços dos alimentos caíram bastante, mas depois voltaram a subir devido à seca excepcional e à valorização do dólar. Nossa expectativa é de um ano favorável do ponto de vista climático”, afirmou.
A decisão foi tomada após uma reunião entre Lula e seus ministros, seguida de um encontro com representantes do setor alimentício. Participaram das discussões os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e o próprio Alckmin, que também ocupa a pasta do Desenvolvimento e Indústria. Estiveram presentes ainda o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e o ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Sidônio Palmeira.
Entre as entidades do setor que participaram da reunião estavam a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Pressão por Redução de Preços
Desde a primeira reunião ministerial do ano, Lula tem pressionado sua equipe para encontrar soluções que reduzam o preço dos alimentos. Na ocasião, o presidente afirmou que, a partir daquele momento, o lema de seu governo seria “união, reconstrução e comida barata na mesa do trabalhador”.
Em fevereiro, Lula reforçou essa preocupação durante um evento no Rio de Janeiro. “Eu tenho obsessão em fazer o alimento barato, barato, barato, para que vocês possam comprar”, declarou.
Outras Alternativas em Estudo
Nas últimas semanas, o governo também considerou zerar a alíquota de importação do trigo, atualmente em 9%, como forma de reduzir o custo do cereal e, consequentemente, o preço de produtos derivados, como pães e massas. Uma proposta semelhante foi analisada para o óleo comestível, incluindo opções como óleo de soja, girassol, milho e canola.
Apesar de o impacto real dessas medidas sobre a inflação ser incerto, auxiliares do governo afirmam que elas são uma resposta política para demonstrar que o Executivo está agindo para conter os preços. “O que não pode acontecer é ficar parado, como se nada pudesse ser feito”, disse um ministro que acompanha o tema.
A estratégia de zerar tributações para conter a alta dos alimentos já foi adotada em governos anteriores, incluindo as gestões de Dilma Rousseff (PT), Jair Bolsonaro (PL) e do próprio presidente Lula.