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Duas eleições em uma

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As articulações para candidaturas a Senador na eleição suplementar avançam num ritmo e rumo interessantes. O Governo Mauro Mendes lida com vários candidatos dentre os partidos da sua base. Eram 4 em março, com Júlio Campos (Dem), Nilson Leitão (PSDB), Carlos Fávaro (PSD) e Otaviano Pivetta (PDT). Júlio já recuou para a 1ª suplência do Nilson Leitão, explicitando o racha com o Governador do mesmo partido, que deve apoiar Fávaro. É uma fratura na elite econômica e política entre um grupo mais tradicional baseado, dentre outros setores, na pecuária e outro mais ligado à agricultura. De acordo com o denominado PIB do Agronegócio calculado pela Esalq/USP a pecuária responde por 23% e a agricultura por 77%, dentro dos 50,5% do total em Mato Grosso.

Com a indicação de José Márcio Guedes, assessor do Senador Wellington Fagundes (PL) para a 2ª suplência, a candidatura de Nilson Leitão fica mais encorpada ainda. Nilson vem numa trajetória marcada por constante acúmulo de capital político. Teve cerca de 127.000 votos para deputado federal em 2014 (mais votado) e 330.000 para senador em 2018. Mesmo se considerarmos o voto dobrado para senador com duas vagas em disputa, 330.000 votos equivaleriam a 165.000.

Mais um aspecto interessante que seguramente faz parte das divergências entre o Governador Mauro Mendes e a família Campos nessa matéria são as projeções para 2022. Quem pensa politicamente sempre enxerga no mínimo duas eleições ao mesmo tempo, de forma geminada, porque essa posiciona as peças para a próxima. Até agora os cenários para a 2022 eram favoráveis para Mauro, que vem tentando desarticular uma possível chapa de oposição com a deputada estadual Janaína Riva (MDB) para Governadora e o Senador Wellington Fagundes para a reeleição. Ficaria competitiva uma coligação composta por esses dois que são fortes no interior, aliados ao Prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) que traria densidade eleitoral na região metropolitana .

Mas com essa candidatura de Nilson Leitão pode estar se desenhando um outro grupo alternativo para 2022, no qual dissidentes da atual base do Governo Mauro Mendes poderiam se coligar com quem está situado na oposição. Uma especificidade dessa eleição suplementar é que ela ocorrerá a apenas dois anos da eleição geral, favorecendo muito a memória eleitoral que os pleitos sempre. Portanto, os eleitos ou mesmo aqueles que forem derrotados, mas saírem bem votados, carregarão esta popularidade para daqui há dois anos.

Se Nilson Leitão for eleito com boa votação como o Senador Jayme Campos profetizou ele se tornaria um candidato competitivo para o Governo do Estado em 2022. Será senador em meio de mandato e não terá nada a perder se for derrotado. E se ganhar deixaria Júlio Campos como senador titular, realizando o sonho da família Campos de juntar os dois irmãos no Senado como jamais aconteceu na história política de Mato Grosso.

Desta forma, ele poderia encabeçar uma chapa com Wellington Fagundes na reeleição, apoio da família Campos e talvez ainda do grupo do prefeito Emanuel Pinheiro. Do outro lado estaria o Governador Mauro Mendes, que pertence ao grupo do ex-ministro Blairo Maggi (PP). Blairo é sempre lembrado como candidato a senador em 2022, quando haverá apenas uma vaga em disputa. Seria um cenário ideal para ele e essa disputa dentre as forças mais articuladas ao agronegócio acaba lhe favorecendo, porque nenhuma outra liderança desponta com o mesmo capital político e econômico que ele tem acumulado. É quase consenso que uma eventual candidatura sua teria precedência sobre todos os outros, deslocando os embates para as suplências.

Há muito em jogo nessa eleição suplementar para o Senado, com várias camadas ao mesmo tempo. Acompanhemos os próximos movimentos.

 

Vinicius de Carvalho é gestor governamental, analista político e professor universitário.

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Lula elegível? Somos mesmo um país sem lei

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O que se temia, mas não seria novidade para a maioria esmagadora do povo brasileiro finalmente se materializou: O Lula Livre aconteceu! A piada é pronta, as gargalhadas da bandidagem resguardadas para esse momento, já esperadas.

Novamente somos surrupiados pela facção criminosa que tomou de assalto o Brasil, fez o que quis, aparelhou o Estado, as instituições e o próprio guardião da nação: o Poder Judiciário, e estamos sendo mais uma vez assaltados moralmente sem direito a contestações ou gritos… Que se fofa o orgulho de ser Brasileiro e não desistir nunca… Só funciona na realidade para esses caras.

O Ministro Fachim, este que de ontem pra cá, aparece nas redes sociais, fazendo discursos políticos inflamados em defesa de seus pares Lula e Dilma, em um passado recente, mostrando sua imparcialidade mais que parcial, jogou a pá de cal na moral do povo Brasileiro… Livrou o cara meu, inacreditável!

Terra sem lei ou país de poucos privilegiados, estamos mesmo a mercê e diretriz de pessoas que se tornaram cidadãos diferenciados e acima da lei… Jamais sujeitos à desconfiança de suspeitas ou provas robustas… Estas deverão com certeza serem destruídas ou contestadas com a veemência jurídica habitual dos profissionais jurídicos de seus clientes não tão nobres, não tão inocentes.

O que se vê agora é a comemoração de apagados políticos acesos e tirando muito sarro da esculhambação nacional… Redes sociais inflamadas desse País de merda.

Só vai faltar agora, e acreditem, acontecerá, os marginais apenados, condenados e tornozeleirados, com a clemência da suposta lei para todos, mostrarem a cara nos vídeos, pregando sua inocência, afirmando que foi perseguição política e jogando na lata do lixo da história, o trabalho de anos realizado por lava jatos e afins… Venceram!

Como educar filhos? Como prever futuro? Como ensinar retidão? Como tentar fazer que exemplos do bem não se sobreponham a sucesso de maldades que atingem o grosso da sociedade? É impossível isso no Brasil, continuaremos apostando na sorte do vai dar certo.

Leis intransigentes impostas, ações midiáticas de prisão para inocentes que condenam liberdades e o esfacelamento do Estado Brasileiro por apadrinhados e indicados para serviços pouco republicanos a se realizar estão aí, nas entrelinhas, para quem quiser ver… Cadeia para manifestantes, VIVI CLICOT PARA BANDIDAGEM. Imagine quantas garrafas estouradas hoje.

Defendo novamente que a política seja relegada somente a seus pilares mais restritos: Saúde, segurança, transporte e educação, e isso feito com uma fiscalização rigorosa e independente do povo… Mercado livre e soberano e política sem atrapalhar. O resto, a decisão de nossos destinos e futuro, que sejam feitas pura é tão somente por esse mercado, sem intervencionisses ou proteções de corporações… Parece mesmo ser a única saída.

É só o que nos restará, do contrário, continuaremos amanhecendo sendo esmurrados com notícias desse calibre, que nos causam desânimo, mostram que somos impotentes e encerram qualquer esperança de viver num país melhor.

LULA LIVRE? Não faltava mesmo mais nada pra iniciarmos o ano… Aguenta essa pilantragem agora. Isso anuncia só o começo da tragicomédia nacional.

Nos cuidemos, porque ficar até atentos e participativos nada adiantou.

Luto no Brasil esse ano. OBRIGADO MINISTRO.

Halisson Lasmar é jornalista e Publicitário e escreve, de vez em quando, quando se sente agredido.

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Abrace o fracasso

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O medo está tão presente em nossas vidas que até perdemos a conta de quantas vezes esbarramos neste sentimento tão assustador e ao mesmo tempo indispensável e sensato. Mas, já percebeu que a autossabotagem ou medo do fracasso está entre uma das expressões mais pesquisadas, atualmente?
Claro, que isso deve estar diretamente ligado ao momento atual em que estamos percorrendo, mas esse sentimento as vezes pode ser paralisante. São travas, limites, medos e inseguranças que se repetem ao longo do caminho por uma voz interna que nos impede de tomar uma atitude para sair desse lugar. Pode ser na vida pessoal, profissional ou emocional. É um medo de ser feliz. De fracassar. Tem feito isso? Parece que você está sendo controlado por uma força maior, pelo inconsciente ou não e sendo impedido de mudar. Mas, esses dias refletindo sobre esse assunto, me deparei que isso é confortável e é aí que está o grande problema.
Freud, o pai da psicanálise, escreveu em 1916 um artigo “Os que fracassam ao triunfar” que, basicamente, descreve as pessoas que se sentem aliviadas quando algo que tanto desejam não dá certo. Muitas pessoas amam o perfeccionismo e querem ter tudo sob controle. Mas, por que será que tantas pessoas têm tanto medo de falhar? E olha só, Freud mesmo já explicava que isso está relacionado com a nossa infância. A educação e as experiências do passado podem estar na base de muita ansiedade desde crianças.
Uma pessoa, por exemplo, que sofreu várias perdas ao longo da vida, seja de entes queridos, de possibilidades ou de relacionamentos, quando estão diante de uma nova conquista, inconscientemente diz “não vou conseguir”. Daí cria empecilhos e desiste. E o ciclo se repete.
É muito mais fácil ficar em um lugar da sua vida onde está confortável do que ter a coragem de encarar isso de frente. E sabe por quê? Pode doer e podemos fracassar. Tenho entendido cada vez mais que a autossabotagem está relacionada com o medo de fracassar.
E se esse entendimento me ajudou, pode ser que te ajude também, por isso resolvi compartilhar. A autossabotagem inibe descobertas de coisas boas ou ruins que trarão aprendizado. Por isso, mude de posicionamento. Nada na vida é garantido, o resultado pode ser o não esperado, o não planejado, o não desejado e precisamos entender que isso está tudo bem. O que não dá é sempre optar pela inércia e não resolver nada nunca. Lembre-se de que a vida é uma só. É preciso ter coragem e lutar contra o medo de falhar.
Infelizmente, muitas vezes na tentativa de sermos aceitos e reconhecidos esquecemos de viver realmente a vida e saborear os momentos e as experiências. Por isso, gosto de dizer que o fracasso não existe. Apenas existe feedback e se a resposta não for boa tente de novo e de novo até melhorar.
Dê uma chance a você mesmo. Essa conquista pode doer, mas alcançá-la é permitir revelar-se a si mesmo e ao mundo, livrar-se de culpas, receios e resgatar sua plenitude com a potencialidade que todos têm.
A autossabotagem e o medo de fracassar não podem ser maiores que a sua coragem. Pense nisso. Mais uma vez, não trago certezas, esses são só alguns pensamentos que permeiam minha vida. Mas, lembre-se, a vida está em constante mudança e transformação, siga esse ritmo de maneira consciente e viva bem. Abrace o fracasso, aprenda e cresça.

Fernanda Trindade
Jornalista em Cuiabá
Contato:[email protected]

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O cavalinho Xomano e o cuiabanês

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O mascote oficial do time Cuiabá E. C. é um peixe dourado apelidado de douradão, no seu emblema tem o marco do centro geodésico da América do Sul, que fica em frente a Câmara Municipal, na praça Pascoal Moreira Cabral (fundador de Cuiabá) e a cor da camisa do time é verde, como a cor da bandeira de Cuiabá.

Só faltava falar. Pra supresa dos cuiabanos o cavalinho do Cuiabá E.C. que aparece aos domingos no programa Fantástico tinha sotaque de caipira mineiro. Isso gerou uma grande revolta na cidade.

A resposta nas redes sociais foi imediata. Tantos ataques que o próprio Tadeu Schimdt teve que corrigir a falha grosseira da produção através de um vídeo na internet que viralizou. Nesse domingo passado, enfim o boneco batizado de Xomano apareceu falando com sotaque cuiabano. Cuiabanos e não cuiabanos vibraram com essa aparição.

A antropologia considera a língua de um povo, uma das suas principais marcas identitárias. Lenine Póvoas chamou essa identidade local, incluindo a língua de cuiabanidade.

Com a onda migratória dos anos 70/80 e do uso em escala de aparelhos de TVs e das novelas, o falar cuiabano passou por um de preconceito linguístico enorme. Inclusive nas escolas. Logo criou-se a oposição: nativos e estrangeiros, cuiabanos de pé ratchado e os pau rodados.

Afora, as controvérsias e críticas ao deboche exagerado no falar cuiabano, Liu Arruda nos anos 80 e sua icônica Comadre Nhara e Djuca representou uma resistência cultural da língua local aos chegantes através de seus causos e piadas de sátira a cariocas e gaúchos. Manifestações de personagens e humor que continuam nos dias atuais, com Comadre Pitú, Nico&Lau, Xô Dito, Totó Bodega e Almerinda. Sem contar o movimento musical do rasqueado que também participou dessa afirmação cultural e que renderia outro texto.

Mas esse preconceito era coisa antiga.
Em 1921, o primeiro pesquisador que tentou entender esse dialeto foi o professor de Português da Escola Sen. Azeredo, Flanklin Cassiano da Silva que publicou o livro “Subsídios para o estudo da Dialectologia de Mato Grosso”.  

O autor buscou as raizes linguísticas desse sotaque em determinadas regiões de Portugal como Minho e Tras os Montes. Sua iniciativa já era uma busca de valorização e aceitação desse dialeto e de luta contra o preconceito da época.

A partir daí vieram outros divulgadores desse linguajar, nos anos 70/80. Em 1978, Maria Francelina Ibrahim Drummond publicou o livro “Do Falar Cuiabano”. Nos anos 80/90 Moisés Martins, Wilian Gomes e Antônio Arruda publicaram dicionários com verbetes e expressões nativas.
Na mesma linha, em 2008, Pedro Rocha Jucá com o livro “Da Linguagem Cuiabana”.

Em comum, todos defenderam que o sotaque cuiabano é herança dos portugueses e/ou dos bandeirantes.

Em 2005 a UFMT, Instituto de Linguagem publicou “Vozes Cuiabanas: estudos linguísticos em Mato Grosso” organizado por Manoel Mourivaldo S. Almeida e Maria Inês Plagliarini Cox. Em 2014, a professora Cristina dos Santos lançou “Do Falar Cuiabano”.

                                   

   

Nessas análises acadêmicas sobre esse “djeito de falar” definiram fonética e morfologicamente essa variação linguística, e não a língua em si, como sendo herança cultural dos povos indígenas, em especial dos Bororos e também dos africanos escravizados. Esses grupos representaram 65% da população no período colonial da Vila Real de Cuiabá .

Para o linguista Marcos Bagno que publicou vários livros sobre o tema, não existe português certo ou errado, porque a língua se renova exatamente pelas suas variações.

Os índios Bakairi na década de 1960/70 foram proibidos pela FUNAI de falar sua língua materna na aldeia. Passaram então a falar sua língua escondidos na mata. Por isso, atualmente falam sua língua nativa fluentemente.

Por analogia, diante da polêmica dos cavalinhos e da ida do Cuiabá E.C. para série A, percebi que o falar cuiabano que parecia morto, está vivíssimo.

A vitória do time que traz toda a simbologia da cidade reavivou o sentimento e a estima de cuiabanidade. E o antigo hábito de falar cuiabanês que sobrevivia restrito ao ambiente doméstico “no casa do mamãe ou do Titia” está voltando para as ruas, impulsionado pelas redes sociais com personagens como Xomano que mora ali, Xomano do Saber, Kbça Pensante entre outros.

O falar cuiabano não tinha morrido, ele só estava escondido! Língua não morre, ela evolui, quem morre são os falantes!

Suelme Fernandes, Historiador e Analista Político siga no Instagram @suelmefernandes.

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