Certo dia o guardião do castelo morreu. Para substituí-lo o grande mestre reuniu todos os discípulos e disse: Vou apresentar um problema, aquele que primeiro o resolver será o novo Guardião do templo.
Colocou um vaso de porcelana valiosíssimo com uma rosa vermelha a enfeitá-lo, no meio da sala. – Eis o problema – disse o grande mestre.
Depois de alguns minutos, passada a perplexidade dos discípulos que ao contemplar o vaso, os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a elegância da flor, perguntaram-se, o que representaria aquilo? Qual seria o enigma? Um dos discípulos levantou-se e resoluto atirou o vaso ao chão destruindo-o.
– Você é o novo guardião – disse o mestre, apontando para o destruidor do problema. E emendou: – Não importa quão belo e fascinante um problema seja, ele deve de ser resolvido. Um problema é um problema; pode ser um caminho que precisa ser abandonado, mas que insistimos em percorrer por nos trazer uma ilusão de conforto.
Existem, no mundo atual, três tipos de empresas que traduzem a evolução financeira dos negócios: as que pensam somente em vender, as que pensam em vender e obter lucros e aquelas que pensam em ter dinheiro em caixa.
As empresas que pensam somente em vender são a maioria e também as mais atrasadas. Querem ter a maior participação de mercado e suas estratégias visam sempre vencer os concorrentes e aumentar as vendas. Seus orçamentos prevêem taxas de crescimento sempre quatro ou cinco vezes acima da inflação.
Já as empresas que pensam em vender e obter lucros evoluíram e querem, além de crescer as vendas e participar cada vez mais do mercado, que a última linha de seus demonstrativos esteja azul. Assim ficam felizes.
O estágio mais avançado é o daquelas que pensam em ter dinheiro em caixa. Seus gestores querem vendas e lucro, mas o essencial para eles é dinheiro vivo em caixa. Sabem que é com caixa que as empresas realmente sobrevivem e realizam seus projetos.
As empresas do tipo 1 sempre quebram. As empresas do tipo 2 quase sempre quebram. E as empresas do tipo 3, que têm o essencial – caixa – quase sempre compram as empresas do tipo 1 que quebraram arrematando-as por um valor inferior ao seu patrimônio líquido.
É preciso buscar o equilíbrio financeiro como única forma de manter “a bicicleta rodando”. Muitas vezes, apesar de apresentar lucro a empresa tem problemas de capital de giro. As mudanças na política de vendas ou de compras ou de estoque e produção podem causar dificuldades de liquidez.
Quem quiser uma empresa do tipo 3 precisa primeiro medir o tamanho do ciclo de caixa para saber o capital de giro necessário. Depois deve trabalhar diariamente com fluxo de caixa futuro, uma ferramenta indispensável. E por fim, realizar uma gestão financeira ágil e competente, protegendo o capital de giro.
As empresas de hoje estão quebrando por abuso de estoque elevado e por ter capital de giro na mão de terceiros, através de uma carteira de duplicatas a receber com inadimplência elevada, e até por transformar capital circulante em capital imobilizado.
Pense na parábola do vaso e perceba que somente existe uma maneira de lidar com um problema: olhá-lo de frente, estudar a melhor decisão e em vez de titubear, agir. Pense nisso, mas pense agora!
Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. [email protected] ou www.seubolso.com.br.