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A crise social do mundo do trabalho

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Fotos: Tuane Fernandes

Não é difícil para um economista explicar minimamente a relação entre crise econômica e desemprego. As soluções recessivas já mergulharam o Brasil num desemprego histórico, e se apresentam novamente como estratégia para conter a crise, o que certamente nos levará aos absurdos níveis de desocupação dos anos 90.

O desemprego é fundamental para os neoliberais conterem a crise econômica. A queda de juros tão proclamada pelo governo ilegítimo é uma falácia tão grande como a democracia brasileira nesse momento. Com a queda da inflação, a taxa de juros real na verdade aumentou, o que só beneficia ainda mais o rentismo, maximizando os lucros no setor financeiro, tirando ainda mais dinheiro da economia real, levando o Brasil a mais recessão.

Os números de desemprego recentemente apresentados só enfatizam essa teoria. Em um ano, o Brasil conheceu mais três milhões de pessoas desempregadas. As ideias neoliberais transferem a crise econômica para as pessoas, gerando a sensação de que apenas a flexibilização do trabalho, somada a uma brutal diminuição do estado, podem fazer o Brasil retomar o seu crescimento. Esse é o papel da reforma trabalhista e da reforma da Previdência.

As ideias podem estar fora do lugar, mas as intenções não estão. A diminuição do valor social do trabalho tem uma tarefa: levar as pessoas a um nível de precarização e exploração que transforme a sociedade numa grande massa de pessoas competindo entre si, diminuindo sua capacidade de mobilização coletiva e que considere “normal” regras desumanas de vida social.

Essa diminuição do papel do trabalho nas relações sociais arrasta consigo não somente ideias macroeconômicas, mas também um ideário simbólico brutal. Basta ver a estratégia do prefeito João Doria Jr na cidade de São Paulo. O João Trabalhador, que não entende nada de trabalho, apresentou metas relacionadas a trabalho e emprego que na verdade são um retrocesso para a cidade. Uma das metas chega ao absurdo de propor 70 mil atendimentos em intermediação de mão de obra, qualificação profissional e empreendedorismo. Em apenas um ano, os Centros de Apoio ao Trabalho de São Paulo realizam, em média, um milhão de atendimentos. Nesse universo, a proposta quer atender míseros 7% das pessoas que de fato precisam desses serviços.

Não bastam só as metas. O prefeito trabalhador quer também mostrar na prática o quanto ele aposta em um mundo de precarizados. As ações na Cracolândia demonstram que, pra ele, existem categorias de pessoas, e algumas delas não merecem o menor tratamento humano. Os cortes nas oportunidades de trabalho que eram geradas para as pessoas naquele espaço demonstram isso. Ele troca o trabalho pela bala de borracha. As oportunidades de inserção social pelo mundo do trabalho são substituídas pelo “carinhoso” tratamento da tropa de choque da polícia militar do estado de São Paulo.

Precisamos dizer com todas as letras para que fique claro: a proposta neoliberal para o Brasil é miserável e quer rasgar o tecido social brasileiro. Por isso eles não têm o menor escrúpulo de desrespeitar o jogo democrático, dar golpes, tratar as pessoas na rua como caso de polícia, e apresentar para o país uma proposta de desmonte social.

As portas para o diálogo estão fechadas, e é preciso que percebamos isso no próximo período. Apenas a solução democrática pode restabelecer a paridade de condições necessária para um equilíbrio social mínimo capaz de retomarmos a disputa de agendas e de concepções do estado. Eles querem nos tirar isso à força, sem a menor legitimidade social, nos encaminhando para uma massa social falida.

Apenas a mobilização nas ruas pode trazer alguma possibilidade de reversão desse roteiro num prazo mais curto. No entanto, a atualização da narrativa é fundamental para o sucesso da resistência popular. É preciso que se estabeleça, num primeiro momento, um amplo diálogo entre as esquerdas brasileiras, que precisam extrapolar aquilo que nas redes sociais percebemos como “bolhas”.

Esse amplo diálogo precisará abarcar temas e grupos historicamente marginalizados. As periferias se apresentam como forte potencial de alteração desse processo. E por isso, não há possibilidade de dialogarmos sobre o Brasil sem perceber a importância da riqueza da diversidade cultural existente, sem aprofundarmos o tema da disputa de valores na sociedade, sem falar de genocídio da população jovem e negra, sem falar de machismo, de racismo, de homofobia, de transfobia. A conexão, a partir do lugar de fala dessa grande massa socialmente excluída com a luta de classes pode nos trazer bons ventos.

Artur Henrique da Silva Santos é Diretor da Fundação Perseu Abramo, da A2D Consultoria e ex-Presidente Nacional da CUT.

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OAB-MT criará comissão para discutir IA na Advocacia

“Estamos, inclusive, montando uma comissão de inteligência artificial para gente trabalhar”, afirmou Gisela Cardoso, pouco antes da posse da nova diretoria da OAB-MT, realizada na noite da última terça-feira (10).

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A presidente reeleita da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso, anunciou a criação de uma comissão dedicada à inteligência artificial (IA) como parte das ações de sua nova gestão, que começa em janeiro de 2025. A iniciativa visa preparar a advocacia mato-grossense para o impacto crescente dessas tecnologias no ambiente jurídico.

“Estamos, inclusive, montando uma comissão de inteligência artificial para gente trabalhar”, afirmou Gisela Cardoso, pouco antes da posse da nova diretoria da OAB-MT, realizada na noite da última terça-feira (10).

Diretrizes Éticas e Modernização

A decisão pela criação da comissão está alinhada às recomendações aprovadas pelo Conselho Federal da OAB no início de novembro, que estabeleceram orientações sobre o uso de inteligência artificial generativa na prática jurídica. O objetivo é assegurar que o emprego dessas tecnologias seja ético, responsável e em conformidade com os princípios da profissão e as exigências legais.

Segundo Gisela, o grupo será responsável por discutir e propor soluções para o uso seguro e eficiente da IA na advocacia, contribuindo para a modernização da prática jurídica e para a proteção dos direitos dos cidadãos.

Inovação e Futuro da Advocacia

O uso da inteligência artificial tem ganhado destaque no cenário jurídico, tanto pela automação de processos quanto pelo suporte em análises complexas. No entanto, a implementação dessas ferramentas requer cautela para evitar conflitos éticos e assegurar que os profissionais estejam devidamente capacitados para utilizá-las.

Com essa iniciativa, a OAB-MT busca posicionar a advocacia do estado como referência na adaptação às novas tecnologias, promovendo um debate amplo e atualizado sobre o impacto da inteligência artificial no setor.

A criação da comissão reforça o compromisso da OAB-MT em preparar os advogados para os desafios do futuro, fortalecendo a profissão diante das mudanças impostas pela transformação digital.

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Politica

CCJ aprova projeto que prevê recontagem física de votos; Medeiros comemora conquista

A urna será aberta pela mesa receptora diante dos fiscais, e cada voto será retirado individualmente do repositório e lido em voz alta.

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A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou, por 31 votos a 20, proposta que estabelece o voto impresso no Brasil e torna obrigatória a verificação de votos da urna eletrônica. O projeto também proíbe a adoção do voto puramente eletrônico.

O texto aprovado é substitutivo do deputado José Medeiros (PL-MT) ao Projeto de Lei 1169/15, do deputado Carlos Henrique Gaguim (União-TO). A proposta, que muda a Lei das Eleições, segue para a análise do Plenário da Câmara. Após aprovação, a proposta segue para o Senado antes de virar lei.

 

De acordo com o texto, imediatamente após o encerramento da votação, 5% das urnas eletrônicas serão selecionadas aleatoriamente para a contagem pública dos votos. Essa escolha será feira por meio de sorteio público não-eletrônico, com a presença de representantes de partidos políticos, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades interessadas.

A urna será aberta pela mesa receptora diante dos fiscais, e cada voto será retirado individualmente do repositório e lido em voz alta. Em seguida, apresentado pelo membro da mesa para exame visual e subsequente registro no boletim de urna.

Os resultados da contagem pública e sua comparação com os dados eletrônicos serão registrados em ata, assinada por todos os presentes, e disponibilizados ao público para consulta. Se houver discrepância na amostragem entre a apuração eletrônica e a apuração pública, prevalecerá o resultado do escrutínio público. Uma nova amostragem, de 10% das seções eleitorais do País, será selecionada, para novo escrutínio.

Os votos conferidos serão guardados em urna com lacre assinado pelos participantes da apuração e preservados por um ano para eventuais recontagens.

Credibilidade

“Ao adotar essa medida, o processo eleitoral brasileiro reforçará sua credibilidade, assegurando aos eleitores que os resultados refletem fielmente a vontade popular”, defendeu o relator do projeto, deputado José Medeiros.

Segundo Medeiros, a presença de diversas entidades durante a seleção e recontagem das urnas promove a participação cidadã e o controle social, “elementos fundamentais em uma democracia sólida”.

A deputada Bia Kicis (PL-DF) reforçou dizendo que a proposta garante transparência do processo eleitoral.

“Quem pode se opor a mais transparência? Não existe nenhum processo impassível de ser melhorado”, afirmou.

 

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125 juízes ganharam mais de R$ 500 mil em um único mês

Contracheque de juízes foi turbinado após decisões que ressuscitaram penduricalho e mandaram pagar retroativos de 18 anos

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Turbinados pelo pagamento, em efeito cascata, de um penduricalho extinto há mais de 18 anos, tribunais de Justiça pagaram mais de R$ 500 mil a 125 juízes em um único mês. Esse é o valor dos rendimentos líquidos dos magistrados, que correspondem à soma de seus subsídios mensais de indenizações e penduricalhos, como auxílios e gratificações.

Os dados são de um levantamento do Metrópoles com base em planilhas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no período de 12 meses, entre novembro de 2023 e outubro deste ano.

Da lista dos magistrados que faturaram mais de R$ 500 mil em um único mês, fazem parte 114 juízes do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO). A Corte pagou valores de até R$ 1,2 milhão líquido a magistrados no mês de fevereiro de 2024. À época, justificou que os valores são correspondentes ao pagamento do adicional por tempo de serviço (ATS), mais conhecido como quinquênio.

Extinto em 2006, o quinquênio garantia aumentos automáticos de 5% nos salários de juízes a cada cinco anos. Foi ressuscitado para juízes federais por uma decisão do Conselho da Justiça Federal (CJF), órgão administrativo ligado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e composto, em parte, por juízes federais, a pedido da Associação dos Juízes Federais (Ajufe).

Após a decisão, em efeito cascata, tribunais de outros ramos, principalmente da Justiça Estadual, passaram a conceder, em decisões administrativas de seus Órgãos Especiais, o mesmo direito aos seus magistrados, que envolve o pagamento de todos os atrasados desde 2006.

A lista dos juízes que receberam mais de R$ 500 mil em um mesmo mês tem ainda oito juízes do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), um do Piauí (TJPI) e uma do Rio de Janeiro (TJRJ).

Os dados são reunidos pelo CNJ, com base em informações enviadas pelos próprios tribunais, desde 2017. Como mostrou o Metrópoles, somados, todos os ramos da Justiça pagaram R$ 12 bilhões líquidos a juízes e desembargadores a título de indenizações, direitos eventuais e pessoais, entre novembro de 2023 e outubro deste ano.

Essa cifra corresponde à soma dos auxílios, gratificações e bônus concedidos aos magistrados em razão de decisões judiciais ou de conselhos administrativos.

A maior parte das indenizações e dos penduricalhos, como auxílios e gratificações, foi repassada a juízes estaduais, que são a maioria da magistratura. Esse montante chegou a R$ 9,3 bilhões. Outros ramos do Judiciário, como cortes superiores e as justiças Eleitoral, Trabalhista, Militar e Federal receberam os R$ 2,7 bilhões restantes.

Esses são os valores que usualmente inflam as remunerações de magistrados para além do teto constitucional, correspondente aos subsídios recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que hoje são de R$ 44 mil. A lista de magistrados do CNJ chega a 17,4 mil juízes.

O CNJ afirma ao Metrópoles que a “Corregedoria Nacional de Justiça é responsável por acompanhar, apurar e determinar a suspensão de casos irregulares de pagamento a magistrados e servidores do Judiciário”. “Ou seja, os salários são fixados por cada tribunal e o CNJ exerce um controle posterior e examina eventual ilegalidade”, diz.

Procurados, os tribunais de Rondônia, Pará, Piauí e Rio de Janeiro não se manifestaram até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

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